Traduções Feministas Radicais
terça-feira, 13 de outubro de 2015
terça-feira, 24 de junho de 2014
"Lesbianismo Político" é Política Identitária
Uma política
identitária, de forma geral, justifica o ato de se assumir uma
identidade com o propósito de estabelecer um posicionamento
político. No caso do "lesbianismo político", ser lésbica
reduz-se a uma identidade social que expressa aos outros uma
ideologia política, não necessariamente descrevendo o comportamento
sexual privado de uma mulher. Como em qualquer identidade, a
existência da "lésbica política" demanda um
reconhecimento externo. Se outras pessoas não sabem ou não leem
essa mulher como "lésbica política", isso não acarretará
em qualquer influência social à mesma. Logo, ser "lésbica
política" funciona essencialmente como performance social.
Primeiramente, como uma
mulher se faz saber "lésbica política" aos outros? Pela
própria designação, pelas práticas, pela aparência, ou algum
tipo de combinação de tudo isso? Se é apenas pela designação,
então realmente não passa de um rótulo, uma expressão
performática [I]. Acho que as próprias mulheres que se
autoidentificam como "lésbicas políticas" concordariam
que é necessário mais que isso. Se "lesbianismo político"
diz respeito às atividades sexuais unicamente, então a identidade
permaneceria completamente confidencial. Se ninguém fica sabendo de
que maneira essas mulheres fazem sexo, suas práticas possivelmente
não afetarão extensivamente sua atmosfera política; a proclamação
de si mesma enquanto "lésbica política" é necessária à
influência social e relevância política do título, então as
práticas sexuais podem ser necessárias, mas também seriam
insuficientes como definição do termo. No final das contas, a
aparência poderia ser o método mais eficaz de se atestar que a
definição de uma mulher sobre si mesma enquanto "lésbica
política" fosse transmitida ao público de maneira concisa.
Ainda assim, "lesbianismo político" não é uma tendência
fashion e não prescreve um conjunto particular de acessórios ou
cores para a visibilidade do grupo [II]. Eu li tantas definições do
que é uma "lésbica política" quanto pude encontrar; não
há um consenso sobre seu significado.
Em segundo lugar, a
eficácia do "lesbianismo político" enquanto atitude
política depende do mesmo tipo de base lógica que qualquer outra
política identitária: espera-se que suas fieis voluntárias
comportem-se de uma certa maneira que supostamente efetiva
algum tipo de mudança social positiva. Eu costumo brincar sobre
quais posições sexuais as "lésbicas políticas"
consideram melhores para lutar contra o patriarcado, mas não é uma
piada muito engraçada. Nós não podemos foder nosso rumo à
liberação. Eu aprendi isso vendo a teoria queer. Na prática, ser
uma lésbica - "política" ou não - não diminui, e na
verdade potencializa, as experiências de discriminação e
degradação social sofridas pelas mulheres. É indiscutivelmente
sádico encorajar mulheres a deliberadamente se exporem à opressão
com a finalidade de promover o avanço do status coletivo de outras
mulheres.
De uma forma mais
ampla, uma metodologia de performance social é uma fuga à
confrontação das forças que se encontram imediatamente por trás
da esfera pessoal de alguém. Ativismo político não é movimento de
autoajuda; é a desconstrução material e intelectual de uma
dinâmica de poder embasada numa luta de classes que dá origem à
opressão. Como já disse em outra oportunidade, pessoas oprimidas
não criam sua própria opressão através de "escolhas
identitárias ruins", tampouco as "escolhas sexuais ruins"
das mulheres são a causa da opressão sexual que sofremos enquanto
tal [III]. No entanto as teorias do "lesbianismo político"
focam ostensivamente nas escolhas pessoais de mulheres privilegiadas
o bastante para exercer controle sobre sua própria expressão
sexual. Infelizmente, a maioria de mulheres no mundo não têm essa
liberdade.
A sexualidade de uma
mulher nunca deve estar a serviço de seu posicionamento político.
Se você é lésbica, ótimo. Se você não é lésbica, quem se
importa? Eu não. Eu não me importo com quem você transa, ou como
você chama a si mesma; isso é problema seu. A sexualidade
falocêntrica, comercialmente construída pode e deve ser
criticada [IV]. Essa crítica, porém, não concede a qualquer
feminista uma licença para prescrever certos tipos de comportamento
sexual, identidade ou desejos, como mais "feministas" do
que outros.
O patriarcado manipula
a sexualidade feminina direcionada aos homens e à
heteronormatividade. O "lesbianismo político" faz uma
coisa parecida, ao contrário, da seguinte maneira: as teorias do
"lesbianismo político" afirmam que a sexualidade é
inteiramente construída socialmente. Esse paradigma torna mulheres
que não são lésbicas - na designação ou práticas, tanto faz -
como sendo macho-identificadas. De forma semelhante, a afirmação de
que "qualquer mulher pode ser lésbica" postula o
lesbianismo como uma forma de existência a qual as mulheres devam
aspirar, uma forma de subjetividade feminista. Dessa maneira o
"lesbianismo político" presume o lesbianismo como algo que
se almeja, e não uma coisa neutra ou meramente casual.
Uma hierarquia é
propriamente definida como "um sistema ou organização em
que pessoas ou grupos são classificadas umas sobre as outras de
acordo com um status ou autoridade" [V]. Portanto, é
inevitável que se crie uma hierarquia quando uma forma de expressão
sexual é vista como melhor, mais esclarecida, ou mais eficaz
politicamente do que outra. Através do estabelecimento dessa
hierarquia, querendo ou não é gerada uma pressão para que uma
mulher altere sua identidade sexual. A sugestão do aspecto positivo
da mudança é inerente à ideia de que o lesbianismo é
(politicamente) uma forma superior ou preposta de ser.
Exaltar o lesbianismo
pelo viés da política feminista projeta uma visão fantasiosa sobre
mulheres que são lésbicas independentemente de seu posicionamento
político, abstraindo a experiência de mulheres que amam mulheres à
ideia de que todas as lésbicas são feministas [VI]. Isso não é
justo com as lésbicas que suportam o peso das expectativas irreais
dessa teoria "política". É também uma avaliação
demonstravelmente falsa sobre o lesbianismo no mundo real. Há
inúmeros exemplos de lésbicas que priorizam homens ao invés de
mulheres, que são abusivas com outras mulheres, ou que não veem
mulheres como pessoas oprimidas. Eu realmente não sei se "lésbicas
políticas" apreciam certas realidades muitas vezes
desagradáveis da comunidade lésbica, tanto nos dias de hoje quanto
historicamente. Além disso, em alguns lugares do mundo, atualmente
já é possível às lésbicas viver quase que inteiramente
assimiladas às normas sociais. Enquanto lésbica, casada no estado
do Massachusetts, mal consigo lembrar quando foi a última vez que
alguém se incomodou com minhas demonstrações públicas de afeto.
Ninguém se importa que eu seja lésbica, isso claramente não é uma
ameaça à heterossexualidade deles nem qualquer outro motivo de
mágoa.
Investir uma identidade
"lésbica" como posicionamento numa guerra política contra
o patriarcado torna o desejo de algumas mulheres em tentativa de
retaliação de outras. O clássico texto "Woman Identified
Woman" afirma que "a lésbica é a raiva de todas as
mulheres condensada a ponto de explosão" [VII]. Essa
definição usa o termo "lésbica" como mensagem
direcionada aos homens, um insulto. É o absoluto oposto de como eu
me sinto sobre minha companheira lésbica. Adotar a identidade de
"lésbica política" como reação ao patriarcado não é
uma expressão de amor ou desejo, tampouco é sobre mulheres, afinal.
É fundamentalmente sobre homens; utiliza uma identidade para
"radicalmente" transgredir as normas sociais da
heterossexualidade. Nós não podemos usar uma identidade social para
efetivar a "liberação'" tanto quanto não podemos
transitar nas normas de gênero [genderfuck] para sobressair à
dinâmica de poder do patriarcado. Nós precisamos mudar o próprio
sistema, e não nossos comportamentos individuais ou nossas
identidades inerentes a esse sistema.
O "lesbianismo
político" tem um longo e característico histórico feminista.
Algumas teóricas continuam argumentando que esse assunto merece um
lugar na pauta "feminista radical". Mas esse apelo à
tradição não me convence. Identidade enquanto performance social
não é politicamente eficiente porque é uma abordagem
individualista a um problema sistêmico. O "lesbianismo
político" nos orienta a entender o lesbianismo a partir da
perspectiva de um observador externo: é essencialmente uma
identidade social através da qual nós devemos subverter o paradigma
heterossexual dominante. Mulheres que apoiam o "lesbianismo
político" enquanto uma ação política eficaz permitiram que
as políticas identitárias infectassem sua ideologia.
Eu me identifico como
uma lésbica anti-lesbianismo-político.
[I]
See “I Say It, Therefore It Is”:
http://rootveg.wordpress.com/2013/10/24/i-say-it-therefore-it-is-so/
[IV]
Compulsory Heterosexuality and the Lesbian Experience, por Adrienne
Rich: http://www.terry.uga.edu/~dawndba/4500compulsoryhet.htm
[V]
Google for “hierarchy”
[VI]
“Lesbian
and feminist are not synonyms, expanded”:
http://revolutionarycombustion.wordpress.com/2012/08/08/lesbian-and-feminist-are-not-synonyms-expanded/
[VII]
Woman Identified Woman:
http://library.duke.edu/rubenstein/scriptorium/wlm/womid/
sábado, 15 de março de 2014
TERF e SWERF não são sanduíches novos do Subway
Original: AnnTagonist
Eu
não sei quem apareceu com o acrônimo ‘TERF’. Eu não estou
muito disposta a desbravar a Internet em uma tentativa de descobrir,
mas se alguém souber, por favor, ponha nos comentários (com o link)
e eu editarei o post com a informação.
TERF,
pra vocês que não estão tão antenadas e com moral e de olho nos
moleques como eu claramente estou, significa "Feministas Radicais
Trans-Exclusionárias". Este é um termo obviamente redundante porque,
primeiramente, não existem Feministas Radicais Trans-Inclusivas e,
segundo, porque jogar o “Trans-Exclusionária” em frente do
“Feminista Radical” é, na verdade, só um caso bem claro de
homens tentando fazer com que tudo no mundo seja sobre os paus deles.
Feminismo
Radical é uma das únicas coisas no mundo que não são centradas em
volta dos homens e o que os homens querem. Homens não conseguem
suportar que uma coisa dessas aconteça, mas já que não podem
policiar fisicamente os nossos pensamentos, eles decidem que não vão
nos deixar chamar isso de Feminismo Radical. Eles têm que deixar
claro que “esse é um feminismo que não acredita em mim quando eu
digo que meu pênis é feminino e que eu sou a mais oprimidíssima de
toda a espécie feminina”. Isso faz com que seja difícil para
Feministas Radicais se encontrarem fisicamente, porque toda vez que
tentamos, esses homens que dizem que são mulheres e as mulheres que
fingem que acreditam neles fazem um lobby agressivo para não termos
nenhuma plataforma politíca. Eles raramente triunfam em seus
esforços de impedir que a gente se reúna, mas eles conseguem fazer
a conversa se voltar de novo para eles e os seus paus com muito
sucesso.
Feministas
Radicais vêm a opressão de mulheres como enraizadas no sexo, não
na performance de um gênero. Isto é: mulheres são oprimidas porque
homens exploram nossos meios de reprodução, e não porque nos
parecemos mulheres ou agimos como mulheres. Feministas Radicais
rejeitam a ideia de que gênero é um sentimento dentro de você que
diz se você é um homem ou uma mulher. Ao invés disso, nós vemos o
gênero como uma ferramenta que o patriarcado usa para manter as
mulheres subjugadas. Mulheres são mantidas inibidas e debilitadas
por causa das amarras da feminidade e, se elas decidem se livrar
disso de qualquer maneira, são acusadas de tentar imitar os
homens, são duramente condenadas e várias tentativas são feitas
pra que elas voltem a ficar na linha.
Feministas
Radicais defendem que espaços exclusivos para mulheres são vitais
por um grande número de motivos. Um desses motivos é o de dar às
mulheres uma chance de se curar da violência que é feita contra
elas por homens. Foram feministas radicais que formaram os centros de
crise de estupro somente para mulheres nos anos 70 e que lutaram para
inserir leis que tornavam ilegal estuprar a esposa.
Porém,
mais de quarenta anos incansáveis produzindo literatura, fazendo
campanhas, falando, legislando, educando, lutando e vencendo, tudo
sob ataques impiedosos de homens que não suportam quando mulheres
dizem a verdade, isso tudo pode ser apagado e reduzido a um só
acrônimo de quatro letras que remete a “intolerante” e que é
cuspido com veneno.
TERF
é uma palavra que é predominantemente usada contra mulheres. Eu vi
um ou dois homens serem chamados de TERF, mas homens têm mais
chances de serem chamados de ‘tokens’ de TERF ou coisa similar.
Das mulheres contra quem se usa TERF, muitas são lésbicas.
Recentemente, no twitter, eu fui informada por uma aliada jovem,
branca, heterossexual, de boa moradia, cristã e LGBT que TERF não é
um xingamento. Eu não consigo lembrar se a palavra que ela usou era
“descritor” ou “definição”, mas foi uma das duas.
Definitivamente não é uma ofensa, ela diz. Essa garota não sabia
nem o que é uma mulher, então estou bem confiante de que ela também
não tinha a mínima ideia do que é uma feminista radical. Ela só
ouviu em algum lugar, provavelmente de um cara de vestido, que
existem feministas
que pensam que mulheres trans são homens e oh meu deus que raios
e ela não consegue entender o que está acontecendo porque, como eu
falei no meu post ontem, e como Witchwind descreve cuidadosamente
aqui, ela foi tão perfeitamente colonizada, que ela nem sabe que foi
colonizada. Ela está tão acostumada com mulheres tendo o nosso
poder de nomear a nós mesmas tirado de nós, que ela não reconhece
quando isso está acontecendo bem na frente dela. E
ela não é a única.
A
feminista profissional Laurie Penny é liberal com o seu uso do termo
e, como uma boa aliada de trans, ela sabe que tudo que ela tem que
fazer é dar o link de um perfil de Twitter com a palavra TERF e seus
seguidores vão dar um SIGNAL BOOST NESSA MERDA! e garantir que essa
intolerante tome o que ela merece.
TERF
é um jeito curto de dizer “essa mulher tem feminismos que não são
sobre o meu pau. Enxotem-na e vamos manter o foco na questão
principal aqui: meu pau”.
Isso
fala diretamente ao “instinto” de proteção que é enfiado nas
garotas desde o primeiro minuto em que elas abrem os olhos nesse
mundo. Nós somos treinadas para amar o Pau, servir o Pau, e
considerar o Pau nosso Senhor e Mestre. Então, quando os homens de
vestido jogam isso em cima da maioria das mulheres, é uma reação
de simpatia que eles acionam.
Essas
feministas transfóbicas más e poderosas querem restringir meu
acesso a abrigos para estupradas porque elas pensam que eu sou um
homem!
Eu
só quero fazer xixi e essas TERF intolerantes dizem que eu preciso
usar o banheiro masculino, onde eu posso ser atacada!
Essas
lésbicas cis intolerantes dizem que não querem fazer sexo comigo
porque elas não gostam de pênis. Como elas podem saber se elas
ainda nem viram meu pênis? Ele é um pênis de menina.
Ainda
tem a tendência de criar mentiras e, já que a internet – e mídias
sociais em particular – é como um jogo gigante Telefone Sem-Fio, e
já que ninguém se importa em pedir “fontes” quando o assunto é
transgressões de TERFs, essas mentiras são propagadas abertamente e
aceitas como fato. Uma mentira recorrente sobre TERFs é a de que
elas gastam todo o seu tempo agredindo mulheres trans na internet e
planejando suas mortes. Eu acho bem provável que, se mulheres
trans não gastassem todo o seu tempo desfilando suas pirocas em
volta de espaços privados femininos, exigindo que nós as aceitemos
como fêmeas, nós não iríamos prestar atenção nelas nem um
pouco.
"TERF" é só mais um exemplo de mulheres tendo o poder de nomear a si
mesmas tirado delas. Se você se aproxima de círculos progressistas
de justiça social, a palavra "TERF" foi feita para ser vista por você
na tela e causar em você uma ira justificada. Você sabe o que deve
fazer. Ou você cai em cima da TERF (mulher) em questão, dizendo o
quanto ela é depravada, mente fechada, intolerante, que contribui
com a morte de milhões de mulheres trans em todo lugar, racista,
feia, conservadora, odiosa, um pedaço de merda, errada, ignorante,
um homem trans em negação, fascista, ou o que mais você sentir que
deve jogar nela; ou você direciona suas amigas e você mesma para a
função Bloquear, porque essa faceira indisciplinada não tem
nenhum direito de achar que mulheres trans são homens na internet.
Isso não é legal. Isso literalmente mata pessoas, o que é muito,
muito problemático.
Você
também não precisa ser uma Feminista Radical para ser rotulada de
TERF. Associação com ‘TERFs conhecidas’ pode ser o suficiente
para te garantir esse apelido. Inclusive, Roseanne Barr é citada
frequentemente como uma TERF famosa, mas a própria Roseanne admite
que ela não é uma Feminista Radical. A verdade é que Roseanne é
uma avó, que divide a crença Feminista Radical de que homens não
deviam balançar seus pintos perto dos espaços privados das mulheres
quando eles não são chamados. Incidentalmente, minha própria avó
compartilha esse pensamento, assim como toda avó que eu conheço.
Avós são TERFs.
E
agora existem novidades também. SWERF tem aparecido por aí faz um
tempo – o que significa “Sex Worker Exclusionary Radical
Feminists” - Feministas Radicais que Excluem Trabalhadoras
Sexuais. Essa foi feita pra fazer parecer que Feministas Radicais têm
uma abordagem puritana para o sexo e pensam que mulheres que vendem
serviços sexuais não são dignas da atenção do feminismo. Essa é
uma inversão completa, porque Feministas Radicais estão
primariamente preocupadas em nomear quem comete a violência dentro
da indústria do sexo e quem facilita e quem é cúmplice: os homens
que compram e vendem os corpos das mulheres.
BERF é outra novidade. Essa
quer dizer Feministas Radicais Exclusionárias de Bissexuais. Essa
parece mirar em lésbicas especificamente. Uma coisa comum que
acontece para uma lésbica online é uma mulher em um relacionamento
com um homem ir lá dizer que ela é uma intolerante por não aceitar
mulheres trans como mulheres. As lésbicas frequentemente dizem algo
como, “Vá embora, mulher heterossexual, não tem nenhum cabimento
você vir policiar os limites das lésbicas”, ou talvez ela dirá
algo mais raivoso ou eloquente, dependendo do seu humor; mas o
comentário ‘heterossexual’ é respondido frequentemente com “MEU
DEUS você está apagando minha identidade, eu sou na verdade
bissexual por causa dos meus sentimentos e eu na verdade fiz um
ménage à trois uma vez com o meu namorado e minha melhor amiga, e
eu lambi a buceta dela de verdade e eu não vomitei, e às vezes meu
namorado faz uma mudança para o feminino e se torna minha namorada,
portanto na verdade eu faço parte do guarda-chuva LGBTQIA, então
foda-se você e sua cisnormatividade e seu privilégio monossexual”.
Ou,
você sabe, palavras do tipo.
Há
algumas outras novidades, mas eu escrevi bastante e por isso não vou entrar elas. Elas todas têm o mesmo intuito: silenciar e incitar
ódio contra um grupo de mulheres, em sua maioria lésbicas, que
dizem não ao Pau. Nós já temos nomes para o que somos. Nós somos
lésbicas. Nós somos feministas radicais. Nós somos mulheres. Vocês
podem nos chamar de SWERFs e TERFs e BERFs e QuERFS e cis e
monossexuais e puritanas e qualquer coisa nova que inventarem nos
próximos meses, vocês podem nos chamar disso também. Mulheres
estão acostumadas a serem xingadas por homens. Mulheres estão
acostumadas a serem xingadas por mulheres em nome de homens e a mando
de homens. Bilhões de mulheres por todo o mundo sabem que mulheres
trans na verdade são homens. Literalmente bilhões. A maioria delas
não vive na internet e não posta selfies entre seus SIGNAL BOOST
NESSA MERDA e assinaturas de petições para fazer lésbicas pararem
de dizer palavras na internet. A maioria delas têm problemas maiores
do que palavras que lésbicas estão dizendo na internet. Todas essas
mulheres são TERFs.
Todas
as mulheres são TERFs por dentro, assim como todas as mulheres são
putas e todas as mulheres são vadias. Todas as mulheres sabem que
mulheres trans não são mulheres, só que algumas mulheres estão
dispostas a fingir, e algumas estão tão desconectadas de si mesmas
que elas nem sabem que estão fingindo, mas todas nós sabemos. E
eles sabem que nós sabemos, e eles simplesmente não conseguem
aturar isso.
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